São Paulo – Relatório divulgado em abril do ano passado
pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) informa que acontecem 2,34
milhões de mortes em decorrência do trabalho em todo o mundo, sendo 2,02
milhões (86,3%) causadas por diversos tipos de doenças profissionais e 321 mil
em consequência de acidentes. São 6.300 mortes diárias relacionadas ao
trabalho, 5.500 causadas por doenças. “Trata-se de um déficit inaceitável de
trabalho decente”, afirma a entidade. “As enfermidades profissionais são causa
de enormes sofrimentos e perdas no mundo do trabalho, mas permanecem
praticamente invisíveis em relação aos acidentes, ainda que provoquem ao ano um
número de mortes seis vezes maior.”
De acordo com a OIT,
anualmente “se produzem 16 milhões de casos de enfermidades não mortais
relacionadas com o trabalho”, diz o informe. Os tipos e tendências da doenças
“variam consideravelmente”, segundo a organização, que cita, entre outros, o
exemplo da China, quem em 2010 notificou ter registrado 27.240 casos de
enfermidades profissionais, incluídas 23.812 provocadas por exposição a
partículas de pó no local de trabalho.
O relatório cita o Brasil, onde se calcula que 6,6 milhões
de trabalhadores estejam expostos a partículas de pó de sílica. “Estudos feitos
na América Latina revelam uma taxa de prevalência de silicose entre os mineiros
(trabalhadores na mineração) de 37%, e de 50% entre os mineiros com mais de 50
anos”, afirma. A silicose é uma doença respiratória comum também na construção
civil.
A OIT chama a atenção também
para os riscos das mudanças tecnológicas, sociais e de organização “como
consequência da rápida globalização que vivemos”. Segundo a entidade, “ainda
que alguns dos riscos tradicionais tenham diminuído graças à maior segurança,
aos avanços técnicos e à melhor regulamentação existentes, eles seguem afetando
gravemente a saúde dos trabalhadores”. Ao mesmo tempo, aumentam “novos tipos de
enfermidades profissionais sem que se apliquem medidas de prevenção e controle
adequadas”. Seriam exemplos, “as novas tecnologias, como as nanotecnologias e
determinadas biotecnologias”, que comportam novos e não identificados riscos.
“Entre os riscos emergentes, se incluem as condições ergonômicas deficientes, a
exposição à radiação eletromagnética e os riscos psicossociais.”
Ainda conforme o relatório,
mais da metade dos países não proporcionam estatísticas adequadas a respeito.
“Os dados disponíveis se referem principalmente a lesões e mortes. Poucos
países compilam dados separados por sexo. Isso não só torna mais difíceis a
identificação das lesões ou doenças profissionais específicas de homens e
mulheres, como também impede o desenvolvimento de medidas de prevenção
eficazes”, afirma OIT, que também ressalta o alto custo dos acidentes, para todas
as partes (trabalhadores, empregadores e poder público), enfatizando a
importância da prevenção. “O controle regular do ambiente de trabalho e a
vigilância da saúde dos trabalhadores facilita aos empregadores prevenir e
notificar os casos de doenças profissionais.”
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